O amor que aprisiona
"A liberdade emocional começa quando você escolhe se ouvir com o mesmo amor que sempre ofereceu aos outros."
RELACIONAMENTO
Naiara Laene
11/3/20252 min read


Há amores que acolhem e há amores que aprisionam. Nem sempre o que dói é desamor — às vezes, é o excesso de entrega tentando compensar um vazio que vem de muito antes. Você já se viu insistindo em uma relação que te desgasta, acreditando que, se tentar mais um pouco, as coisas finalmente vão mudar? Ou sentindo medo de perder alguém, mesmo sabendo que esse vínculo te fere todos os dias? Essas são marcas silenciosas da dependência emocional — um laço que se confunde com amor, mas nasce da dor.
Na psicanálise, entendemos que a dependência emocional não é fraqueza. Ela é o reflexo de vínculos afetivos antigos, nos quais aprendemos a amar de forma condicionada — com medo de perder, de decepcionar ou de não sermos suficientes. Crescemos acreditando que, para sermos amadas, precisaríamos nos adaptar, agradar, cuidar, silenciar. E, sem perceber, repetimos esse padrão nas relações adultas, tentando conquistar o amor que, um dia, nos faltou.
A dependência emocional não grita — ela sussurra. E, muitas vezes, você só percebe quando já está esgotada emocionalmente. Sente medo de desagradar, tolera o intolerável para não ficar sozinha, se preocupa mais com o outro do que consigo mesma, precisa da aprovação alheia para se sentir em paz e vive em função da relação, mesmo sabendo que ela te faz mal. Esses comportamentos são tentativas inconscientes de manter o amor — um amor que, muitas vezes, custa a sua própria liberdade.
O problema é que, quando você vive em função do outro, acaba se afastando de si mesma. A dependência emocional rouba algo silencioso, mas essencial: a sua identidade. A sua autoestima passa a depender do olhar alheio e a sua segurança emocional deixa de vir de dentro. No fundo, a dependência emocional não é sobre o outro — é sobre a dor de não se sentir inteira sozinha.
Romper esse ciclo exige coragem. É preciso voltar o olhar para si e compreender a história que fez você acreditar que precisava merecer amor. Na terapia psicanalítica, esse processo acontece através da escuta e da reconstrução simbólica dos vínculos, permitindo que você encontre, aos poucos, um novo jeito de se amar — livre, seguro e autêntico. A cura começa quando você entende que amor não é insistir onde há dor, mas escolher estar onde há reciprocidade, respeito e paz.
Você não precisa continuar se perdendo para ser amada. A dependência emocional pode ter te ensinado a amar demais, mas a terapia pode te ensinar a amar de um jeito que não te apague.


Psicóloga Naiara Laene
CRP 06/186899
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